Pandemia contribui para aumento de casos de violência contra mulher

As medidas restritivas, tão necessárias para o enfrentamento à pandemia, tem causado um efeito colateral nas estatísticas de feminicídio e violência doméstica.
O isolamento social deixa ainda mais expostas as mulheres que vivem com companheiros violentos.
No comparativo de janeiro a dezembro de 2019 com o mesmo período de 2020, é possível identificar um crescimento significativo nos índices desse tipo de violência. De acordo com a coordenadora do Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher em Santarém, Poliana Braga, em 2019 foram realizados 2.131 atendimentos e no ano seguinte esse número subiu para 3.501. São 1.370 ocorrências a mais que o registrado no ano sem pandemia.
O Centro Maria do Pará vem acompanhando a situação e realiza a chamada Busca Ativa, que é ir até as mulheres vítimas. De acordo com os registros, foram realizadas 11 buscas ativas em 2019 e 1.080 no ano seguinte. Já de janeiro a até a data de publicação desta matéria, 13 de fevereiro, foram contabilizadas 392 buscas.
O lockdown, atualmente em vigor no Baixo Amazonas, também fez aumentar o número de chamados pelo atendimento remoto por vítimas de violência doméstica.
Em 2020 foram registradas 261 ocorrências e de janeiro até este sábado (13), 181 atendimentos já foram registrados. “Nesse período, as mulheres e seus companheiros ficam mais em casa, o que tem potencializado essa situação de violência”, observou Poliana.
A coordenadora destaca que os atendimentos no Centro continuam de segunda a sexta-feira das 8h00 às 16h00.
A principal queixa, segundo a coordenadora, é violência psicológica (humilhações, ameaças, intimidação e controle de saída), em seguida vem a violência moral (calúnia, difamação, injúria, exposição da vida íntima). “O que observamos é que as mulheres estão buscando orientações quando percebem os sinais das primeiras violações de direitos e isso é importante, a fim de evitar violências maiores e irreversíveis”, avaliou.
Para denúncias, o telefone do Centro Maria do Pará é (93) 99134-8542.
Foto: Agência Pará